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Deixa ir

Atualizado: 12 de jun.

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Na cama, através da janela do meu quarto, os meus olhos encontram com uma amendoeira gigante. Dessas que você alonga o pescoço para acompanhar e não consegue ver o seu fim. A sensação é que ela teve permissão para um encontro com Deus, e suavemente fez o percurso.


Porém, hoje ela me acordou. As primeiras folhas se soltaram e roçaram o chão, mudando o silêncio característico da alvorada. Com as folhas, algumas amêndoas desavisadas decidiram que fariam o mesmo. Ao se desprenderem, voaram até o telhado e, com o som de fruta que cai do pé, mostraram que não se despediriam sem barulho.


Certamente, com sutileza ou com intensidade, folhas e amêndoas sinalizaram que a transição estava começando. Curioso é que, ao observar essa separação, não vi, em nenhum momento, o tronco ou os galhos pedindo para que ficassem. Acredito que eles sabem sobre o papel de cada um no processo de existir. Às vezes, as despedidas são necessárias para que um novo espaço se crie e convide o recomeço para florescer, logo adiante, na próxima estação. Sinto que a beleza desta relação está em deixar ir...


Se não te cabe mais, deixa ir.

Se não quer ficar, deixa ir.

Se não provoca paz, deixa ir.

Se não traz viço para o olhar, deixa ir.

Se não demonstra carinho, deixa ir.

Se não te acolhe, deixa ir.

Se não te impulsiona, deixa ir.

Se não te valoriza, deixa ir.

Se te oprime, deixa ir...


Essa cena, literalmente, me despertou para o movimento dos ciclos vitais. Entendo que o nosso crescimento, em vários momentos, não está no que adquirimos e acumulamos, e sim, no espaço que liberamos. Algumas vezes, sem fazer alarde. Em outras, com o clamor da coragem.


E se hoje for necessário prender para não perder... Deixa ir.


Abraço fraterno,

Beth Morais

 
 
 

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