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Despertar

A claridade me alcançou. Para além do amanhecer, uma luz específica atingiu o meu

rosto. Vagarosamente, abri os olhos. Na verdade, abri apenas um. Por mera curiosidade, queria saber o que estava acontecendo. E lá estava ele. Um raio de sol.

Certeiro, encontrou passagem por entre a frestinha da cortina e um espaço da janela. Imediatamente, peguei o celular na cabeceira para conferir que horas eram. Cinco horas e vinte minutos. Pensei que não era justo eu ser acordada tão cedo. Claro que

estou falando da minha rotina que começa às sete, salvo algumas exceções.


Abri o outro olho. Agora pude vê-lo em sua total dimensão. Como conseguiu passar por espaço tão minúsculo? Reparei que, para chegar até mim, esse “raio decidido” atravessou uma volumosa amendoeira, driblando suas folhas. Rompeu os obstáculos e me encontrou. Por um momento, questionei por que no dia anterior não havia fechado toda a cortina, assim teria bloqueado a sua chegada. Porém, enquanto pensava, algo aconteceu.


A terra, com sua rotação implacável, foi levando aquele raio de sol para outro lugar. Sentei na cama. Minha cabeça foi inclinando para a direita com a intenção de não o perder. No entanto, o tempo passa e tudo se transforma. Levantei e, ao abrir a cortina, percebi que ele já seguia outro rumo. Precisava iluminar outros destinos. Olhei para o céu. Azul. No vento, cheiro de café. Para alguém, a vida já estava acontecendo. Precisava começar a minha.


Não sei se é um sintoma universal, o fato é que, a menopausa me trouxe a necessidade de um esforço mental extra para me convencer que a energia ainda habita em mim. Para isso, decidi atender o sussurro que esse pequeno e fugidio raio deixou nos meus ouvidos: “Você tem uma nova oportunidade nascendo com o dia”. Entendi. Fui preparar o café.


Enquanto o coava, arrumava a mesa, e refletia sobre quantas vezes fechamos as cortinas e as janelas para não sermos incomodados. Perdemos, assim, a chance de despertar a partir de uma situação imprevisível. Frequentemente, as oportunidades buscam uma brecha para se apresentar. No entanto, rejeitamos a sua presença ao permanecermos de olhos fechados por acreditar que ainda não está na hora.


Café tomado. Concluí que, ao render-me ao sol, me fiz luz. Claridade em forma de entendimento. Mas, será que ele volta amanhã? Não sei. A certeza que tenho é que estarei pronta para recomeçar. De novo, de novo...


Não quero mais cortinas fechadas.


Abraço fraterno.

 
 
 

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