Novos Percursos

Há anos, caminhando pelo entorno da Lagoa Rodrigo de Freitas, na cidade do Rio de Janeiro, observo a sua beleza e tudo o que o meu olhar de enxergar consegue perceber. Com essa mania natural de encontrar significado no que observo, me deparei, certo dia, com uma árvore de galhos entrelaçados em um balé de idas e vindas e contorcionismo, que meus olhos não conseguiam identificar o começo, meio e fim.

Sempre ao passar, eu a observava e ela produzia em mim o mesmo fascínio. Algumas vezes, parei para tentar entender a sua performance. Posicionava-me na base e dirigia o meu olhar para cima na tentativa de acompanhar lentamente a subida do seu tronco e, assim, compreender em que momento da sua história evolutiva ela precisou pausar, definir nova rota, fazer as curvas necessárias, criar novas conexões e prosseguir. Existiu ali algum momento de morte para ela recomeçar uma nova trajetória? Não, nunca me pareceu ter morrido para recomeçar.

Acredito que ela apenas teve força e coragem para sair da sua forma original, mas sem perder a sua essência. Criou novas possibilidades de expansão e expressão. Assim, seguiu. Sim, seguiu sobre bases tão estreitas e frágeis para sustentar toda a sua extensão e expressão de vida que penso que ela se sustenta pelo invisível, mas está lá. Pulsante! Talvez seja isso que a alimenta e lhe faz crescer. Sua raiz impregnada de suas memórias a mantêm firme para prosseguir. Afinal, ela sabe de tudo que lhe fez chegar a esse formato e que, na dinâmica da vida, permitir-se a novas rotas é uma questão de sobrevivência.

Simplesmente, sabedoria para viver!

Abraço fraterno.