O próximo passo pode estar a um medo de distância
- bethsmorais
- 23 de ago. de 2024
- 2 min de leitura
Atualizado: 24 de set. de 2024

Ao chegar da escola, colocava a minha mochila na cama, tomava banho, almoçava e ia para o quarto. A minha escrivaninha já arrumada me esperava. Ocupava o outro turno do dia passando a limpo toda a matéria recém-aprendida em sala de aula. Com o estojo bem posicionado e caderno aberto, verificava se estava tudo ali. Canetinhas, lápis, borracha, régua, apontador e adesivos fofos - “Amar é...”. Assim o ritual começava.
Foram anos reescrevendo o que já havia escrito. Gostava. Era um bom método de estudo e de ir aperfeiçoando a grafia. Mas cá entre nós, era uma boa justificativa para amenizar a insegurança de quem não se permitia errar.
Cresci.
Na faculdade pouca coisa mudou. Conteúdo sempre atualizado em fichário que era “disputado a tapa” na véspera das provas. Quem mais teria toda a matéria? Era reconhecida por minha dedicação e responsabilidade. Reproduzir para o papel a fala de alguém ainda me gerava conforto, pois não corria o risco de ser avaliada, julgada e não aceita. Era só transcrever.
Mas, quando iria pensar com as minhas próprias palavras? Até quando contornaria as letras que não eram as minhas para me sentir segura?
A coragem para o próximo passo aconteceu quando me aceitei. Desse jeitinho. Não linear. Romântica e realista. Delicada e assertiva. Intensa e suave. Corajosa e vulnerável. Emotiva e racional. Tudo cabe em mim. Não dependo mais da aprovação do outro. Aceito opiniões divergentes e evoluo com elas. Mas não preciso mais que alguém me valide para “passar de ano”.
Em 2020, em voo solo, me apresentei ao mundo com a publicação do meu primeiro livro “Renascendo na Despedida”. Com ele senti que escrever é a melhor forma de me encontrar e ao mesmo tempo tocar em você. Aqui a organização não é mais do estojo, caderno e escrivaninha. Escrevendo reconheço meus sentimentos, os nomeio, me ajeito, aprendo e prossigo alcançando outras vidas.
E o medo?
Totalmente necessário. Me prepara, mas não me aprisiona.
Então, o que te prende para o próximo passo?
Abraço fraterno.
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