Onde mora a nossa beleza?
- bethsmorais
- 9 de out.
- 2 min de leitura

Nos últimos dias, um assunto tem ocupado meus pensamentos. Enquanto escrevia o conteúdo Autoimagem, para o perfil @diáriosdamenopausa, minha atenção se voltou para as minhas marcas. As que nasceram comigo e as que foram chegando para desenhar a tela sobre a minha vida: a pele.
A pele é o maior órgão do nosso corpo. É com ela que nos apresentamos ao mundo sem que, sequer, tenhamos dado voz a nossa imagem. Ela nos apresenta as mudanças ao longo da nossa existência. Por vezes, tentamos negociar com a passagem inflexível do tempo. Negociação injusta. Ele, o tempo, é implacável. Ao nascer, já ganhamos um pincel (imaginário), e começamos a decorar a nossa tela.
Provavelmente, nas tentativas de darmos os primeiros passos, já começamos a construir as primeiras cicatrizes que poderão nos acompanhar até a hora em que não precisaremos mais da matéria para registrar a nossa presença. Crescemos e, ao chorar ou sorrir, criamos sulcos ao redor dos olhos. No espanto, franzimos a testa. Na preocupação, contraímos a glabela (região do rosto entre as sobrancelhas e acima do nariz). Ou seja, sentir e ser expressivo também deixa marcas. E o que fazer? Nada. Ou melhor, VIVA!
No entanto, como aceitar a transição da nossa imagem? Estou buscando essa resposta. O envelhecimento é um processo que te joga na cara (literalmente) a finitude. Não vou romantizar. Nem sempre é fácil. Porém, estou aprendendo que a imagem ultrapassa as fronteiras do tecido que nos cobre. Nossa identidade é composta pela herança que recebemos, os traços que o tempo desenha, e as marcas que carregam decisões e se tornaram cúmplices das nossas preferências. Mas também há em nós uma história invisível, feita de afetos, de escolhas e de tudo o que aprendemos a amar e a deixar ir.
A nossa imagem é um tecido em constante bordado: o fio biológico, a linha emocional, a trama social, o ponto cultural e o arremate espiritual. Nada nela é fixo. Portanto, ser quem somos é um verbo vivo. E a cada fase, podemos reaprender a conjugar esse verbo, do nosso jeito, no nosso tempo.
Que a nossa beleza não fique escondida.
Abraço fraterno,
Beth Morais



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