Tempo da espera
- bethsmorais
- 26 de mar.
- 2 min de leitura

A chegada dos meus cinquenta e cinco anos me conduziu à reflexão sobre o quanto vale o tempo da espera.
Espero por um novo amanhecer, mas já aguardo o anoitecer.
Espero por um café quentinho.
Espero pela inspiração que virá em meu auxílio até virar poesia.
Espero por um abraço, um beijo, um carinho que digam “você é importante”.
Espero pelo sim.
Espero pelo aprendizado.
Espero por uma oportunidade que, às vezes, se esconde.
Espero ter saúde para seguir caminhando.
Espero pela chuva nos dias quentes, e pelo sol no inverno.
Espero pela calma na agitação, e pela pressa para escapar da monotonia.
Espero por um apoio em uma mensagem ou ligação.
Espero a realização para sentir felicidade.
Espero viver para despistar a morte.
Para entender o verbo “esperar”, na sua amplitude, investiguei a sua origem latina. Sperare: ter esperança, aguardar. A sensação de aguardar pode gerar certo desconforto. Prefiro ter esperança. Esperançar sugere movimento. Disso eu gosto. Portanto...
Não espero por um novo amanhecer. Coloco-me em condição de senti-lo enquanto ouço sua voz dizendo “vai lá, menina, faz”. E quando a noite chega, conversamos sobre o dia, e nos preparamos para o seguinte.
Não espero por um café quentinho. Eu o faço, e vou me deliciando com seu cheiro. Assim, desperto.
Não espero a inspiração para escrever. Nesses dias sem pauta, reafirmo o compromisso do meu coração com o lápis e o papel e, desse encontro, renasce a vontade.
Não valido a minha existência pelo nível de atenção que recebo. Saber quem eu sou, respeitando-me, liberta o outro da obrigação de me amar. Mas, claro que um abraço, um beijo e um carinho espontâneos, são sempre bem-vindos!
Às vezes, o “não” e o “talvez” são as melhores respostas. Inquietam-me.
Não espero pelo aprendizado. Pesquiso. Aprender exige deslocamento e coragem para desaprender e reaprender.
As oportunidades não se escondem. Cabe a mim procurá-las nos lugares compatíveis com quem eu sou, com o que eu posso oferecer e com o que as pessoas necessitam.
Ao envelhecer, a força dos meus passos vai depender do quanto me dedico hoje ao fortalecimento das pernas.
Nos dias quentes, me visto de verão. No inverno, me cubro com edredom.
Se a agitação me incomoda, peço licença e saio. E, quando tudo parece calmo em demasia, provoco e transformo.
Não espero que percebam a minha dor. Quando algum sofrimento se acomoda em mim, peço ajuda.
A felicidade acontece pela consciência do esforço e superação. É o combustível diário. Deve manifestar-se pelo caminho, e não somente na chegada.
Não despisto a morte. Preparo-me para quando a encontrar. Exercito a fé.
E assim prossigo, reinventando a vida, todos os dias. Enquanto “espero”, vou fazendo...
Pode chegar 5.5!
Abraço fraterno.
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