top of page
Buscar

Tempo da espera

A chegada dos meus cinquenta e cinco anos me conduziu à reflexão sobre o quanto vale o tempo da espera.


Espero por um novo amanhecer, mas já aguardo o anoitecer.

Espero por um café quentinho.

Espero pela inspiração que virá em meu auxílio até virar poesia.

Espero por um abraço, um beijo, um carinho que digam “você é importante”.

Espero pelo sim.

Espero pelo aprendizado.

Espero por uma oportunidade que, às vezes, se esconde.

Espero ter saúde para seguir caminhando.

Espero pela chuva nos dias quentes, e pelo sol no inverno.

Espero pela calma na agitação, e pela pressa para escapar da monotonia.

Espero por um apoio em uma mensagem ou ligação.

Espero a realização para sentir felicidade.

Espero viver para despistar a morte.


Para entender o verbo “esperar”, na sua amplitude, investiguei a sua origem latina. Sperare: ter esperança, aguardar. A sensação de aguardar pode gerar certo desconforto. Prefiro ter esperança. Esperançar sugere movimento. Disso eu gosto. Portanto...


Não espero por um novo amanhecer. Coloco-me em condição de senti-lo enquanto ouço sua voz dizendo “vai lá, menina, faz”. E quando a noite chega, conversamos sobre o dia, e nos preparamos para o seguinte.


Não espero por um café quentinho. Eu o faço, e vou me deliciando com seu cheiro. Assim, desperto.


Não espero a inspiração para escrever. Nesses dias sem pauta, reafirmo o compromisso do meu coração com o lápis e o papel e, desse encontro, renasce a vontade.


Não valido a minha existência pelo nível de atenção que recebo. Saber quem eu sou, respeitando-me, liberta o outro da obrigação de me amar. Mas, claro que um abraço, um beijo e um carinho espontâneos, são sempre bem-vindos!


Às vezes, o “não” e o “talvez” são as melhores respostas. Inquietam-me.


Não espero pelo aprendizado. Pesquiso. Aprender exige deslocamento e coragem para desaprender e reaprender.


As oportunidades não se escondem. Cabe a mim procurá-las nos lugares compatíveis com quem eu sou, com o que eu posso oferecer e com o que as pessoas necessitam.


Ao envelhecer, a força dos meus passos vai depender do quanto me dedico hoje ao fortalecimento das pernas.


Nos dias quentes, me visto de verão. No inverno, me cubro com edredom.


Se a agitação me incomoda, peço licença e saio. E, quando tudo parece calmo em demasia, provoco e transformo.


Não espero que percebam a minha dor. Quando algum sofrimento se acomoda em mim, peço ajuda.


A felicidade acontece pela consciência do esforço e superação. É o combustível diário. Deve manifestar-se pelo caminho, e não somente na chegada.


Não despisto a morte. Preparo-me para quando a encontrar. Exercito a fé.


E assim prossigo, reinventando a vida, todos os dias. Enquanto “espero”, vou fazendo...


Pode chegar 5.5!


Abraço fraterno.

 
 
 

Comments


Vamos conversar!

Este é um espaço seguro criado para a gente se conhecer.

Fique à vontade para falar sobre você, tirar alguma dúvida e agendar uma consulta.

Obrigada pela sua mensagem!

bottom of page