De repente uma pausa aconteceu

De repente, a cama pela manhã se tornou mais atrativa e, sem precisar de muitos argumentos, me convence a ficar mais um pouquinho. 

De repente, o sofá, ou até mesmo um banquinho, me pedem para sentar.

De repente, meu corpo desacelera. As atividades de rotina exigem de mim um tempo maior para serem concluídas. Mas, logo eu, que sou movida por projetos?  

Neste momento, inicio um duelo entre minha mente e meu corpo. Ela, a mente, inconformada, cobra dele uma reação. Ele pede mais paciência, pois está tentando compreender o que está acontecendo. 

Todo o metabolismo entra em ação para achar o responsável por esse desajuste. Até que o ovário decide se pronunciar. “Sou eu. Já não sei se é para produzir hormônios, ou não. Estou confuso”. 

Compreendo. O ciclo reprodutivo vai se despedindo de mim. Preciso me reorganizar internamente, enquanto a vida continua acontecendo. Estou me descobrindo em uma versão sem hormônios femininos.  O estrogênio e a progesterona saem de cena e convidam vários sintomas para o novo ato. Troca injusta.  

Mas, como não me aprisiono nas dores, é hora de ressignificar. Acolho e respeito a minha transição e busco auxílio com profissionais que possam me orientar.  A tríade clássica do bem-estar será intensificada: alimentação saudável, constância na atividade física e promoção da saúde mental. Nada de isolamento. Produtividade profissional em dia. Com orientação médica, uma reposição hormonal ajudará demais. Ah, promover conversas para o entendimento daqueles que nos cercam é fundamental. Falar sobre menopausa e suas consequências não pode ser tabu. 

Então, pergunto a ela: 

- O que me diz, menopausa, sobre essa bagunça indesejada, mas já anunciada? 

- Como em outras transformações biológicas por que passou, desejo que me entenda. Mas, enquanto lhe bagunço, aproveite para se conhecer um pouquinho mais e prepare-se para esse futuro que lhe apresento. Nem melhor, nem pior, apenas no formato que você decidir viver. 

É hora da travessia. Decidi descobrir novas possibilidades em mim! E você? Vamos juntas?

Abraço fraterno, 

Beth Morais